domingo, 14 de outubro de 2012

Capítulo 3 "Colegas de Apartamento" 3ª Parte

O fato era o seguinte, eu estava prestes a me tornar colega de quarto de um menino que eu achava muito lindo:
― Esse é o seu quarto ―  Disse ele apontando para uma porta ―  E esse é o meu ―  apontou para a porta próxima ―  E é isso.
Ele abriu a porta do quarto onde eu iria ficar, cama de casal, criado mudo, guarda-roupa, escrivaninha, alguns bonequinhos na estante, inclusive livros didáticos. O quarto inteiro parecia de um colegial. Ok, que armadilha era aquela? A casa definitivamente não pertencia a um rapaz solteiro que aparenta vinte e poucos anos como o Greg. Eu até poderia perguntar alguma coisa, mas meu sono era muito maior.
Eu estava com sono e ao mesmo tempo intrigado, quase esqueci que minha Vespa tinha ficado no estacionamento do bar. Certo, meu clima para investigações havia acabado ali:

― Eu esqueci a minha vespa no estacionamento...
― Sem problema, eu ligo pra Peggy e peço pra ela guardar pra você até amanhã cedo ―  com um tapinha camarada nos ombros, ele saiu e desceu as escadas.
Me sentei na cama e joguei a mochila num canto. Apenas me despi, ficando só de roupas intimas, afundei o rosto no travesseiro. Cheiro de xampu, familiar, eu conhecia esse cheiro de algum lugar, mas estava com tanto sono que não queria lembrar. Criei coragem, peguei apenas minha toalha, sabonete e uma cueca limpa na mochila, espiei pela porta e vi que o corredor estava vazio, fui até o banheiro e não resisti a um belo banho de espuma que tirou toda a poeira do meu corpo. Fiquei uns minutos na banheira onde a água me fez despertar um pouco.
Agucei meus ouvidos e escutei passos na escada, uma porta fechando, um pouco de orações, talvez um choro e silêncio novamente. 


Amanhecia, cheguei na cozinha onde havia uma pilha de louça suja na pia com um bilhete na geladeira escrito "De noite eu lavo". Suspirei, lavei aquela louça, sequei e guardei segundo as instruções me dadas no primeiro dia. Só então fui buscar minha motoneta no Peggy's.

O Bar era sempre sossegado, pela manhã Peônia limpava o chão:
― Sua moto está no depósito, a vizinhança é sossegada, mas não abusa da sorte.
― Pode deixar, vou cuidar bem dela.
― E então, já se instalou no Greg?
― Já.
― Rapidinho você hein ―  Ela deu um risinho maldoso.
― Eu... eu já coloquei minhas coisas no quarto que vou ocupar.
― E quem disse outra coisa?
― Sei...
― O que te incomoda?
― Peggy, posso te chamar assim? 
― Deve.
― Bom, você conhece esse cara a quanto tempo?
― O Gregório? Desde sempre! Crescemos juntos, somos meio que as "crianças da cidade velha".
― O que você pode me falar sobre ele?
― Interessando né?
― Curioso, apenas, em saber na casa de quem eu estou morando.
― Certo. Ele é do tipo bagunceiro, dificilmente termina o que começa, confia muito fácil nas pessoas, vive procurando passatempos ― Mostrou um jornal com as palavras cruzadas feitas pela metade ―  Serviço dele. Ele passa muito pouco tempo em casa, e não gosta muito de se envolver com outras pessoas. Eu acho que sou a unica amiga dele no final das contas.
― Ele fuma?
― Só quando ele bebe muito. Na verdade ele parou de fumar tem um tempinho já. Mas a carteira de cigarro na mesa da sala não é dele se é isso que te aflige.
― E sobre a casa? Porque ele mora numa casa tão grande, tão bem montada. Quero dizer, aquilo não é a casa de um homem solteiro, está mais para uma...
― Casa de Família?

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