quinta-feira, 4 de abril de 2013

Eu e a Chuva

- Eu havia me esquecido de uma coisa...
- O que?
- Que eu não odeio a chuva.
Ele deu risada como se eu tivesse dito a coisa mais idiota do mundo.
- Sério mesmo?
- Sério. 

Eu pensei em colocar minha cabeça em seu ombro. Mas decidi que era melhor não, Então me afastei dele. Comecei a chutar algumas poças de água.
- Você parece uma criança.
- Eu pareço? E você É uma criança. 

Ele deu uma risada sarcástica como sempre. Eu olhei em seus olhos, hoje estavam especialmente esverdeados, estavam especialmente tristes. 

- Você não tem mais a capacidade de me magoar. - Acabei soltando essa frase.
Ele ficou em silêncio. No final, balbuciou alguma coisa. Na minha cabeça queria que fosse algo como "Mas você ainda tem". Não importa o que tenha sido.

Parei em uma poça de água limpa onde podia ver meus sapatos todos ensopados, mas eu não ligava. Debaixo de um pé de ipê rosa senti as flores caindo com o peso da chuva e flutuando sobre a água. Era como um banho de ervas com água gelada que me fazia sentir cada vez mais vivo.

Olhei de novo para ele, dessa vez de pé, vindo em minha direção. Foi quando percebi, eu estava sorrindo, mas em meus olhos haviam lágrimas: 
- Você não tem a capacidade de me magoar. - Disse em voz baixa para mim mesmo.
Ele esticou a mãe e tirou uma flor que estava no meu cabelo, jogou a flor na água.

Que sensação estranha é essa?

Só sou feliz quando chove afinal.


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Galerinha essa é uma cena que escrevi mas não encaixei no livro.
Fica como um tira gosto
Em breve trago o desfecho da primeira parte.

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